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O problema é que os tiques que levaram ao afastamento inicial andam sempre por perto. Se ao Público ainda vou dando o benefício da dúvida, mais difíceis são os casos d'A Bola e do Record. A devoção total à pseudo-informação sobre os três grandes é enjoativa, e não há pachorra para tantas páginas com não-notícias (lembre-se a capa do dia em que Nélson Évora e a sua medalha de ouro foram jogados para canto, com Reyes a anunciar em grande destaque que vinha para ser campeão), quando, por exemplo, as secções de futebol internacional acabam antes de começar. Não se espera que os leitores de desporto destes dois diários sejam os mesmos do Público, ou pelo menos que procurem neste o mesmo tipo de tratamento jornalístico.
E assim, quando menos se espera, é neste jornal que surge uma entrevista exclusiva com Lionel Messi, onde o argentino revela a sua personalidade, simples e tão distante da de Cristiano Ronaldo. É um testemunho de vida, mais que desportivo, onde chega a ser dito algo tão impensável como «Chega de falar de mim. Não gosto de falar bem de mim». Este é o futebolista que assume a sua dedicação ao clube que representa, como forma de agradecer o que o Barcelona fez por si e pela sua família. Numa altura em que o amor à camisola é um conceito distante, em que só se espera simplicidade de estrelas de futebóis da liga dos últimos, estas duas páginas têm uma chamada de capa, em dia de aniversário. Mas a tentação falou mais alto, e nas poucas palavras que chegaram à primeira página, lê-se: "Os instintos de Ronaldo são fora do normal", "Cristiano Ronaldo é brilhante", "mereceu o prémio de melhor do mundo", "admiração por Deco".
Messi merecia mais. E nós também.
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