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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ainda o sorteio da Liga dos Campeões, e grupos da morte

Texto que ficou pendurado desde Agosto, mas que mantém a sua actualidade:

Depois do sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões desta época, um grupo saltou imediatamente como "grupo da morte". Bayern Munique, Villarreal, Manchester City e Nápoles juntaram-se naquele que é o primeiro grupo de sempre na Champions a reunir representantes dos chamados "4 grandes": Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha.

É também um reflexo do que é hoje a principal prova de clubes europeia: chama-se Liga dos Campeões, mas o grupo mais difícil não tem qualquer campeão nacional da época anterior. O Villarreal foi 4º e teve apenas de afastar o Odense (2º da liga dinamarquesa) na última ronda de acesso (3-1 no total), todos os outros foram 3ºs classificados, e entraram directamente na fase de grupos.

Enquanto isso, os campeões escocês e dinamarquês tinham de ultrapassar duas eliminatórias para lá chegar, e os campeões austríaco, norueguês, sueco, eslovaco, sérvio, polaco e húngaro (entre muitos outros), tinham de ultrapassar três. Resultado: nenhum destes países tem qualquer representante na fase de grupos, enquanto os cinco países grandes (incluindo a França) têm 17 (mais de metade do total, 32).

Já agora, a grande reforma que Michel Platini implementou recentemente, para garantir que campeões das ligas mais pequenas pudessem atingir esta fase, caiu em sorte este ano a Chipre, Croácia, Bielorrúsia, Rep.Checa e... Bélgica (o Genk, que mesmo assim teve de deixar para trás o Partizan Belgrado e o Maccabi Haifa).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Criar precedentes + Liechtenstein ao Mundial, já!

Depois de recusada a hipótese de repetição do jogo, os irlandeses lembraram-se de pedir que fossem as duas selecções ao Mundial: em vez de França ou Irlanda, França e Irlanda, no denominado "projecto 33ª selecção no Mundial". É claro que também essa solução já foi rejeitada, o que não impediu outras cabecinhas pensadoras de imitar a ideia: os responsáveis da selecção da Costa Rica, que não foram capazes de levar a sua equipa a melhor do que o 4º lugar na fase de grupos, e depois a uma eliminatória perdida com o Uruguai, lembraram-se de vir agora reclamar do árbitro Massimo Busacca, que apitou o jogo decisivo, em Montevideu. Argumentam que o suíço recebeu prendas, nas vésperas do jogo, de Gustavo López, gerente de uma empresa de acessórios desportivos, e e coordenador da Associação de árbitros do Uruguai. E assim também querem ser a 33ª selecção no Mundial.

Posto isto, sugiro que se faça assim: admite-se de uma vez todas as selecções que perderam nos play-off e quaisquer outras que tenham dinheiro para pagar os bilhetes e o alojamento na África do Sul. Todos saem a ganhar: os anfitriões triplicam a receita em hotéis e afins, as televisões têm muito mais jogos para dar, os próprios jogadores preferem porque assim os habituais suplentes podem mostrar-se contra as equipas mais fracas.

Aliás, não é algo tão estranho quanto isso: logo após o final do Euro 2008, a UEFA promulgou o alargamento do número de equipas no Campeonato Europeu (que será colocado em prática apenas a partir da edição de 2016) com o argumento de que "para além das 16 equipas qualificadas, há outras 8 de igual nível", referindo-se às que ficaram de fora dessa edição. Há que relembrar que a Inglaterra foi dada como primeiro exemplo de uma dessas equipas que ficaram de fora: na prática, com esta alteração, torna-se quase impossível que uma das selecções "grandes" deixe de ir à fase final, algo que representa uma insustentável quebra de receitas, televisivas e afins. Mas, será que podemos ficar por aí? Se essa alteração já estivesse em vigor para a edição de 2008, a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia (que coincidência) iriam às finais, mas equipas de países como a Dinamarca e a Eslováquia (que até ganharam os seus grupos na fase de qualificação para o Mundial 2010) ficariam à mesma de fora.

Por isso, aqui fica uma sugestão para os senhores da UEFA: deixem-se de tretas. Se querem que os grandes compareçam todos à festa, façam como a CONMEBOL, que criou vagas fixas para o Boca Juniors e para o River Plate na Copa Sudamericana: favorecem os grandes, mas assumem-no com todas as letras. Melhor dizendo, favoreciam, que entretanto já lhes retiraram esse privilégio, e até equilibraram o número de vagas por país: de cinco equipas para Brasil e Argentina e três para os restantes, passou para 5-4. Mas não, os europeus são demasiado correctos para chamar as coisas pelos nomes.

E fica também uma sugestão aos senhores da FIFA: deixem-se de tretas. Não se pode utilizar meios audiovisuais no futebol porque este tem de manter a sua componente humana, dizem. Mas ela está lá, em quem o pratica de facto, os jogadores. É essa componente humana (seja a ganância, a estupidez ou a idiotice) que leva um jogador a levar a mão à bola duas vezes na mesma jogada, sabendo que isso lhe dará uma vantagem decisiva sobre o adversário. E cabe aos árbitros evitar que isso aconteça. Se vivemos numa era em que um jogador pode ser castigado (dias depois de realizado o jogo) por simular um penálti (que foi assinalado e concretizado), porque não há-de estar um árbitro junto a um ecrã para ver naquele momento o que milhões de pessoas também viram e comunicar ao árbitro principal o que de facto se passou?

Engordem o porco para o vender caro e depois queixem-se que ele teve um enfarte.

sábado, 13 de junho de 2009

Liga dos Campeões 2009/10

Já tivemos oportunidade de falar aqui sobre as alterações à principal prova de clubes na Europa, mas é tempo de fazer uma análise mais detalhada. A grande diferença passa pela fase de qualificação, onde vamos passar a ter não três, mas quatro pré-eliminatórias. Ou seja, quando se diz que o Sporting foi apurado para a 3ª pré-eliminatória, não se pode dizer que esteja incorrecto, mas talvez fosse melhor explicar que isso significa que terão de vencer duas equipas se quiserem chegar à fase de grupos.

E não foi só o número de eliminatórias que foi alterado, já que a principal diferença passa por agora não termos encontros entre campeões e não-campeões nas fases preliminares. Na prática, há duas fases de qualificação:
- uma arranca no final de Junho, com uma primeira pré-eliminatória para os campeões dos quatro países de ranking mais baixo, e que terá mais três rondas até serem encontradas cinco equipas (todas elas campeãs nacionais, pertencentes às associações classificadas entre os lugares 14 a 53);
- a outra arranca na 3ª pré-eliminatória (no final de Julho), terá duas rondas, inclui 15 equipas não-campeãs, de onde saírão mais cinco, para completar o lote de 32 que começa a fase de grupos.

Michel Platini foi o grande impulsionador destas mudanças, que foram apresentadas e acolhidas como uma forma de aumentar a representatividade na Liga dos Campeões. A fase de qualificação para campeões permite que tenhamos a certeza de ter cinco equipas que de facto ganharam os seus campeonatos nacionais, e que provavelmente seriam eliminadas numa fase preliminar, tenham acesso à liga dos milhões. E há muitas outras opiniões nesse sentido, como se pode ver neste artigo do play the game, em que representantes das federações da Finlândia, do Luxemburgo e de Montenegro, aprovam as alterações. Então, quem sai a perder? Os países ricos? Nem por isso.

Houve outra pequena alteração nas regras: as três principais federações passaram a ter não duas, mas três entradas directas na fase de grupos (daí que Chelsea, Sevilha e Milan estejam já descansados à espera do sorteio dos grupos). Mais: a qualificação para os não-campeões tem 15 equipas, e as 5 dos países melhor classificados têm de disputar apenas uma pré-eliminatória, designada ronda de play-off. Ou seja, na prática, aumentou-se as vagas para os pequenos e aumentou-se também as vagas para os grandes (e reduziu-se o trabalho que os menores destes grandes têm para chegar aos milhões). Quem saiu a perder? Os do meio.

Comparação simples:
- Na época passada, a Ucrânia teve dois clubes na fase de grupos: para isso, Shakhtar e Dínamo ultrapassaram três eliminatórias fáceis (17-6, no total). Esta época, para o Shakhtar se juntar ao Dínamo (que já lá está), terá que ganhar duas pré-eliminatórias contra, por exemplo, Sparta Praga e Arsenal;
- O Panathinaikos chegou à fase de grupos na época passada depois de eliminar o Dínamo Tbilisi e o Sparta Praga (6-1 no total). Esta época, poderá à mesma apanhar o Sparta Praga (mas logo à primeira) e se vencer, pode apanhar o Lyon ou o Estugarda.
- O Sporting, que sofre com a descida de ranking de Portugal, já não entra directamente, e terá que ultrapassar o Twente ou o Dínamo Moscovo, antes de defrontar Fiorentina ou Atlético Madrid, para dar alguns exemplos.

Ou seja, é muito provável que vejamos equipas mais pequenas a receber o hino da Champions esta época (de entre Maccabi Haifa, Dínamo Zagreb, FK Ventspils e Maribor Branik, pelo menos uma delas deverá entrar), mas esses lugares serão retirados a países como Portugal, Turquia, Roménia e Holanda. Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha souberam manter as suas posições e até melhorá-las. O mito do aumento de representatividade é uma treta, porque a principal consequência destas alterações é aumentar a distância entre os cinco primeiros e os restantes 48. Basta ver isto: 22 equipas têm entrada directa na fase de grupos, 13 delas são desses cinco países. Nelas incluem-se o Marselha, que não é campeão nacional há 17 anos, e o Sevilha, cujo único título foi conquistado em 1946.

Equipas já qualificadas para a fase de grupos:
Manchester United, Liverpool, Chelsea (Inglaterra)
Barcelona, Real Madrid, Sevilha (Espanha)
Inter, Juventus, Milan (Itália)
Bordéus, Marselha (França)
Wolfsburgo, Bayern Munique (Alemanha)
Rubin Kazan, CSKA Moscovo (Rússia)
Unirea Urziceni (Roménia)
FC Porto (Portugal)
AZ Alkmaar (Holanda)
Rangers (Escócia)
Besiktas (Turquia)
Dínamo Kiev (Ucrânia)
Standard Liège (Bélgica)

Equipas qualificadas para a 4ª pré-eliminatória (ronda de play-off) para não-campeões:
Arsenal (Inglaterra)
Atlético Madrid (Espanha)
Fiorentina (Itália)
Lyon (França)
Estugarda (Alemanha)

Equipas qualificadas para a 3ª pré-eliminatória para não-campeões:
Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Sporting (Portugal)
Panathinaikos (Grécia)
Celtic (Escócia)
Anderlecht (Bélgica)
acima, as cinco equipas cabeça-de-série, que serão sorteadas com uma das outras cinco
Sparta Praga (Rep.Checa)
Twente (Holanda)
Dínamo Moscovo (Rússia)
FC Timisoara (Roménia)
Sivasspor (Turquia)

Das 15 equipas acima, cinco delas entrarão na fase de grupos; as outras cinco sairão da lista abaixo.

Na fase de qualificação para campeões, há três equipas que entram directamente para a 3ª pré-eliminatória:
Olympiakos (Grécia)
Slavia Praga (Rep.Checa)
FC Zurique (Suíça)

Para além dos quatro campeões nacionais que disputam a 1ª pré-eliminatória (de Malta, Andorra, Montenegero e San Marino), 32 equipas entram na 2ª pré-elminatória para campeões, das quais destaco as cabeças-de-série:
FC Copenhaga (Dinamarca)
Levski Sofia (Bulgária)
Partizan Belgrado (Sérvia)
Maccabi Haifa (Israel)
Dínamo Zagreb (Croácia)
Wisla Cracóvia (Polónia)
BATE Borisov (Bielorrússia)
Red Bull Salzburgo (Áustria)
Kalmar (Suécia)
APOEL Nicósia (Chipre)
Stabaek (Noruega)
Slovan Bratislava (Eslováquia)
FK Ventspils (Letónia)
Maribor (Eslovénia)
Hafnarfjördur (Islândia)
Inter Turku (Finlândia)
Ekranas (Lituânia)
Do lado dos não cabeça-de-série, ainda se podem encontrar equipas como o Debrecen (Hungria) ou o Zrinjski (Bósnia-Herzegovina).