Depois de recusada a hipótese de repetição do jogo, os irlandeses lembraram-se de pedir que fossem as duas selecções ao Mundial: em vez de França ou Irlanda, França e Irlanda, no denominado "projecto 33ª selecção no Mundial". É claro que também essa solução já foi rejeitada, o que não impediu outras cabecinhas pensadoras de imitar a ideia: os responsáveis da selecção da Costa Rica, que não foram capazes de levar a sua equipa a melhor do que o 4º lugar na fase de grupos, e depois a uma eliminatória perdida com o Uruguai, lembraram-se de vir agora reclamar do árbitro Massimo Busacca, que apitou o jogo decisivo, em Montevideu. Argumentam que o suíço recebeu prendas, nas vésperas do jogo, de Gustavo López, gerente de uma empresa de acessórios desportivos, e e coordenador da Associação de árbitros do Uruguai. E assim também querem ser a 33ª selecção no Mundial.
Posto isto, sugiro que se faça assim: admite-se de uma vez todas as selecções que perderam nos play-off e quaisquer outras que tenham dinheiro para pagar os bilhetes e o alojamento na África do Sul. Todos saem a ganhar: os anfitriões triplicam a receita em hotéis e afins, as televisões têm muito mais jogos para dar, os próprios jogadores preferem porque assim os habituais suplentes podem mostrar-se contra as equipas mais fracas.
Aliás, não é algo tão estranho quanto isso: logo após o final do Euro 2008, a UEFA promulgou o alargamento do número de equipas no Campeonato Europeu (que será colocado em prática apenas a partir da edição de 2016) com o argumento de que "para além das 16 equipas qualificadas, há outras 8 de igual nível", referindo-se às que ficaram de fora dessa edição. Há que relembrar que a Inglaterra foi dada como primeiro exemplo de uma dessas equipas que ficaram de fora: na prática, com esta alteração, torna-se quase impossível que uma das selecções "grandes" deixe de ir à fase final, algo que representa uma insustentável quebra de receitas, televisivas e afins. Mas, será que podemos ficar por aí? Se essa alteração já estivesse em vigor para a edição de 2008, a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia (que coincidência) iriam às finais, mas equipas de países como a Dinamarca e a Eslováquia (que até ganharam os seus grupos na fase de qualificação para o Mundial 2010) ficariam à mesma de fora.
Por isso, aqui fica uma sugestão para os senhores da UEFA: deixem-se de tretas. Se querem que os grandes compareçam todos à festa, façam como a CONMEBOL, que criou vagas fixas para o Boca Juniors e para o River Plate na Copa Sudamericana: favorecem os grandes, mas assumem-no com todas as letras. Melhor dizendo, favoreciam, que entretanto já lhes retiraram esse privilégio, e até equilibraram o número de vagas por país: de cinco equipas para Brasil e Argentina e três para os restantes, passou para 5-4. Mas não, os europeus são demasiado correctos para chamar as coisas pelos nomes.
E fica também uma sugestão aos senhores da FIFA: deixem-se de tretas. Não se pode utilizar meios audiovisuais no futebol porque este tem de manter a sua componente humana, dizem. Mas ela está lá, em quem o pratica de facto, os jogadores. É essa componente humana (seja a ganância, a estupidez ou a idiotice) que leva um jogador a levar a mão à bola duas vezes na mesma jogada, sabendo que isso lhe dará uma vantagem decisiva sobre o adversário. E cabe aos árbitros evitar que isso aconteça. Se vivemos numa era em que um jogador pode ser castigado (dias depois de realizado o jogo) por simular um penálti (que foi assinalado e concretizado), porque não há-de estar um árbitro junto a um ecrã para ver naquele momento o que milhões de pessoas também viram e comunicar ao árbitro principal o que de facto se passou?
Engordem o porco para o vender caro e depois queixem-se que ele teve um enfarte.
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