o triunfo da não-notícia

hoje começa o Euro 2012, mas quem olhar para estas capas quase só o percebe pela omnipresente publicidade televisiva. O Jogo nem sequer assinala esse arranque. esta clubite aguda de que os jornais desportivos padecem só contribuirá para acelerar o seu declínio. triste, muito triste.

sportinguices

Este golo de Capel deu vantagem ao Sporting


mas 5 minutos depois, uma espectacular jogada colectiva do Moreirense deu o empate (sublinho o esgar de dor de Domingos Paciência ao segundo 32 do vídeo, aos 34'33 de jogo)


e assim ficou até ao que é já o meu candidato a momento nonsense de 2012: Bojinov, o melhor reforço do Benfica para esta época


Muito obrigado Sporting, por esta imprensa:







o Gil Vicente lidera o grupo, e se vencer em Alvalade na última jornada apura-se para as meias-finais da Taça da Liga (o empate também elimina o Sporting). o Rio Ave também se pode apurar, se vencer em Moreira de Cónegos na última jornada, e o resultado de Alvalade ajudar.

só para terminar, tudo isto ocorreu umas horas depois de se saber que as imagens "elogiadas" de adeptos enraivecidos colocadas no acesso ao balneário visitante tinham sido substituídas por outras de campos verdejantes e borboletas esvoaçantes...

a caminho do campeonato de mundo de andebol. ou não.

A selecção nacional masculina de andebol está a lutar por um lugar no campeonato do mundo de 2013, que vai realizar-se em Espanha. Após dois jogos (com a Turquia) e duas vitórias, encontra-se empatada com a selecção ucraniana (que alcançou o mesmo resultado com os turcos), e os últimos dois jogos decidirão quem fica em 1º neste grupo, apurando-se para a última ronda de apuramento, uma eliminatória com uma das equipas que estarão presentes no europeu 2012 e não garantir o apuramento directo para o mundial.

Dito isto, podemos dizer que a selecção portuguesa está a 4 jogos de uma presença numa competição em que não participa desde a edição de 2003, que decorreu em Portugal. E que informação temos na comunicação social sobre o jogo de hoje, na Ucrânia? Uma reportagem na Antena 1, com entrevista ao seleccionador nacional Mats Olsson.


Vejamos a capa d'A Bola:



Para além de ficarmos a saber que o mais recente reforço do Sp.Braga «quer ganhar títulos» e com isso provar-se que os bracarenses também já são incluídos na distribuição salomónica do espaço da capa (4º grande?), até podemos ler que o pai do mais recente reforço do Benfica ganhou uma camisola autografada (por quem?), a ver se não abre mais o bico contra o agora patrão do seu filho.

Andebol? Ó amigo, isso não vende jornais.



Mas em Angola não percebem nada disso: até fazem manchetes com andebol feminino!

Goal

«Porquê?!...
Porque no Ribatejo, região cotada na balança nacional dos valôres desportivos, não existia jornal da especialidade?
Porque era necessário aparecer um autofalante onde ideias ciciadas tivessem poder forte e vibrador.
Porque para acompanhar o progresso havia que criar consciencias e formar núcleos, como se formam cidades - construindo-.
Porque sendo o Desporto uma causa nobre, exigia-se que se consolidasse seu prestígio.
Foi assim que viemos até vós.
«GOAL» é natural de Vila Franca, como o poderia ser de outra localidade ribatejana.
Não interessa o seu Principio.
Alvejemos todos o seu Fim - o âmago da sua função - e dêmos-lhe o Meio para que cumpra missões impostas.
Não traçamos programas, porque programas são estrêlas cadentes, e as estrêlas cadentes são astros inconstantes.
Faremos um dia o Balanço Geral da nossa actividade, da nossa vitalidade moça, cheia de entusiasmo, repleta de espirito moderno.
De programas só conhecemos os já realizados, pois, para vencermos, nada mais necessitamos do que independencia na crítica e na campanha.
Aceitamos todos os auxilios, quando nos fôrem oferecidos sinceramente, sem subtefurgios, por todos os desportistas que reconheçam na nossa iniciativa uma necessidade do meio. Repudiamos quem queira fazer do nosso jornal campo de ambições e de lutas mesquinhas.
Só conhecemos uma ambição e só lutamos por uma causa: o Desporto.
E a quem vier movido doutros propósitos recusaremos a sua cooperação.»

Editorial do número 1 do jornal Goal, assinado por Alves Redol. Este semanário, editado em Vila Franca de Xira, teve apenas 10 números, entre Janeiro e Março de 1933, e podia ser adquirido pela módica quantia de três tostões.

No arquivo da Hemeroteca Digital podem ser consultados todos os números.

Sabiam que ontem uma equipa portuguesa apurou-se para os 16-avos de final da Liga Europa?

Um mero pormenor de fundo de página comparado com a 53ª entrevista da época de Gaitan à Bola (todas com direito a capa), a enésima capa horrível do Record, e o nacionalismo brejeiro do Jogo. Temos o jornalismo desportivo que merecemos?

Em homenagem 2

Três das fotos do álbum da final do Mundial, cortesia do Público.

Ligações perigosas

Já aqui tínhamos falado da estranha correlação entre as notícias que vamos publicando aqui no blog e as capas dos diários desportivos, nomeadamente o Record. E esta semana voltámos ao mesmo: bastou começar o Torneio de Toulon e Buonanotte voltar a dar nas vistas, devidamente realçado por cá (e pedindo que o argentino venha para o Benfica, o mais rapidamente possível), e dois dias depois, pimba!



Que os jornalistas do Record gostam de nós, já sabemos: esperamos poder dizer o mesmo de Rui Costa...

«Dragões vão defrontar o actual campeão da Europa em título»

Seguem daqui os parabéns ao DN pela alteração da sua página, mas principalmente pela manutenção dos seus conteúdos: seria uma pena que os seus textos tivessem acompanhado esta mudança, senão perderíamos o direito a ler frases como a do cabeçalho deste post.

A roleta ditou que o FC Porto irá defrontar o Manchester United nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, e nesta notícia ficamos a saber que os ingleses são os «actuais campeões da Europa em título». Mesmo assim, acho que falta qualquer coisa neste texto: porque não dizer que o FC Porto é o antigo campeão da Europa em título? Ou o actual campeão da Europa de há 5 anos? Pensem nisso, é preciso inovar para captar mais audiências.

O bom e o mau caminham sempre de mãos dadas

O Público comemorou hoje 19 anos, e esse facto, juntamente com o aliciamento de António Lobo Antunes (que assina o editorial), a capa fora do comum, e o artigo sobre o futuro dos jornais em papel, levaram-me a adquirir um exemplar, num dia sem suplemento cultural, pela primeira vez desde mil novecentos e tal. E não me desiludiu. Aparte os muitos artigos que não deixei a meio (uma vitória nos nossos dias), bastava o relançar do debate sobre o fim dos jornais, como os conhecemos, e até do próprio jornalismo, para lançar pistas dia fora. É isso, afinal, que faz a diferença entre manter o hábito de comprar a literatura dos jornais, ou satisfazermos as nossas necessidades simplesmente através dos blogues e afins.

O problema é que os tiques que levaram ao afastamento inicial andam sempre por perto. Se ao Público ainda vou dando o benefício da dúvida, mais difíceis são os casos d'A Bola e do Record. A devoção total à pseudo-informação sobre os três grandes é enjoativa, e não há pachorra para tantas páginas com não-notícias (lembre-se a capa do dia em que Nélson Évora e a sua medalha de ouro foram jogados para canto, com Reyes a anunciar em grande destaque que vinha para ser campeão), quando, por exemplo, as secções de futebol internacional acabam antes de começar. Não se espera que os leitores de desporto destes dois diários sejam os mesmos do Público, ou pelo menos que procurem neste o mesmo tipo de tratamento jornalístico.

E assim, quando menos se espera, é neste jornal que surge uma entrevista exclusiva com Lionel Messi, onde o argentino revela a sua personalidade, simples e tão distante da de Cristiano Ronaldo. É um testemunho de vida, mais que desportivo, onde chega a ser dito algo tão impensável como «Chega de falar de mim. Não gosto de falar bem de mim». Este é o futebolista que assume a sua dedicação ao clube que representa, como forma de agradecer o que o Barcelona fez por si e pela sua família. Numa altura em que o amor à camisola é um conceito distante, em que só se espera simplicidade de estrelas de futebóis da liga dos últimos, estas duas páginas têm uma chamada de capa, em dia de aniversário. Mas a tentação falou mais alto, e nas poucas palavras que chegaram à primeira página, lê-se: "Os instintos de Ronaldo são fora do normal", "Cristiano Ronaldo é brilhante", "mereceu o prémio de melhor do mundo", "admiração por Deco".

Messi merecia mais. E nós também.

Quando o que dizemos revela mais sobre nós próprios que sobre os outros

«Verdade que o futebol sempre serviu para isto: para que os homens pudessem expressar as suas pulsões homossexuais sem sentimentos de culpa. Só assim é possível explicar a paixão masculina por rapazes de calções curtos, a correrem pelo campo e, em caso de golo, a abraçarem-se e a acariciarem-se com os seus corpos suados.»

João Pereira Coutinho, da sua crónica na Única (Expresso), de 24/01/2009

Coitadinho do pobrezinho

José António Camacho, que se prepara para fazer no Osasuna o que fez na época passada no Benfica, entrando no clube já depois do campeonato começar, e saindo antes do final, ficou muito aborrecido com a arbitragem de ontem, na derrota fora com o Real Madrid (3-1). O Osasuna segue em último lugar, a sete pontos do Numancia, o primeiro acima da linha de água.



Voltas a pôr os pés no Estádio da Luz e aí é que vais ver a vida a andar para trás.

Jornalismo isento

Ou talvez não.

Falta um bocadinho assim

O Real Madrid de Schuster ainda passou em Borisov, para assegurar presença na próxima eliminatória da Liga dos Campeões, mas em Espanha a coisa pia mais fino. E o Getafe mostrou que não era pelo seu anterior treinador que fazia coisas bonitas. Enquanto isso, o Barça vai passeando a sua classe: já leva seis pontos de avanço, mais 10 golos marcados e menos 11 sofridos, isto em apenas 13 jogos. Villarreal e Valência podem hoje ultrapassar o Real, se vencerem Recreativo e Bétis, respectivamente.

Anunciada parceria Record / Alvaláxia / Photoshop

Agora já podes ter a tua própria capa no Record. Faz uma declaração pública sobre uma vitória do Sporting em Camp Nou, San Siro ou Old Trafford e não te esqueças de indicar qual a alcunha que queres ter: mágico já foi utilizado, mas verdão e lagarto continuam disponíveis.

Prémio "Publicidade Institucional" do mês

A bota é a Adipure, da Adidas, e no jornal o Jogo lê-se assim:

«Simples, mas agradável à vista, esteticamente elegante, a Adipure destaca-se por ser leve e resistente, ajustável, beneficiando de tecnologias exclusivas da Adidas: na sola, a Traxion, que garante firmeza e aderência em qualquer tipo de terreno, sem afectar a agilidade; na palmilha, a adiPrene, para maior conforto, amortecimento e eficácia de propulsão, desde a ponta do pé ao calcanhar.»

Não, não é um jornal gratuito: custa 75 cêntimos. E se fossem roubar prá estrada?

Agora é que disseste uma grande verdade

Anda meio mundo a coçar a cabeça, a tentar perceber como é que o Zenit pagou 30 milhões de euros pelo Danny, mas nós por cá preferimos outro enigma. E ninguém melhor que o próprio Nélson para comentar a sua transferência para o Bétis: «Benfica fez bom negócio». Esperemos que, à semelhança da RTPi, o Record também não chegue a Sevilha, senão eles ainda voltam com a palavra atrás.
Ficamos com um espaço no banco (vá, naquela espreguiçadeira que estava ao lado) para preencher. Não há que preocupar, aparece logo um saltimbanco para a ocupar.



Não, obrigado.

Confirmado: a RTPi não chega a Sevilha

(ainda a saborear as notícias de ontem)

Da próxima vez que pensar em comprar o Record, lembre-se desta capa

Depois de tanta polémica pelos resultados obtidos em Pequim, depois de 12 anos à espera por uma medalha de ouro, Nelson Évora venceu. Mas o Record decide dar mais destaque a uma entrevista a um reforço do Benfica, que diz algo nunca visto: quer ser campeão.

Consigo imaginar o desapontamento na redacção, quando se aperceberam que o atleta português tinha vencido. Mas não ia ser uma mera medalha de ouro (apenas a quarta em toda a história do desporto olímpico português), que ia fazer retirar a importância do exclusivo com Reyes.

E que tal enviarem umas candidaturas espontâneas para os jornais do Benfica e do Sporting? Disso é que o povo gosta, ler não-notícias, desde que pintadas a vermelho e verde. E a azul, como se prova a chamada de capa a uma notícia que relata os 1000 dias do FC Porto na liderança do campeonato, quando este está parado.

Não há coincidências

Há que elogiar o editor do Times Online, que na página com a história sobre o "sonho" de Berbatov (que tem muito amor à camisola do Tottenham, mas à do Manchester United nem se fala), coloca uma foto de Moutinho, ainda nos planos do Everton para esta época. Diz que o clube inglês enviou uma delegação a Lisboa para tentar fechar o negócio. E que vão tentar regressar também com o empréstimo de Tiago na mala, antes que ele se apague de vez.

Cobertura dupla

O jornal A Bola é o único que cobre dois Jogos em vez de um, à escolha: com acento e sem acento.



Já agora, quem é que se lembrou de pintar o FCP de vermelho?