sábado, 13 de junho de 2009

Liga dos Campeões 2009/10

Já tivemos oportunidade de falar aqui sobre as alterações à principal prova de clubes na Europa, mas é tempo de fazer uma análise mais detalhada. A grande diferença passa pela fase de qualificação, onde vamos passar a ter não três, mas quatro pré-eliminatórias. Ou seja, quando se diz que o Sporting foi apurado para a 3ª pré-eliminatória, não se pode dizer que esteja incorrecto, mas talvez fosse melhor explicar que isso significa que terão de vencer duas equipas se quiserem chegar à fase de grupos.

E não foi só o número de eliminatórias que foi alterado, já que a principal diferença passa por agora não termos encontros entre campeões e não-campeões nas fases preliminares. Na prática, há duas fases de qualificação:
- uma arranca no final de Junho, com uma primeira pré-eliminatória para os campeões dos quatro países de ranking mais baixo, e que terá mais três rondas até serem encontradas cinco equipas (todas elas campeãs nacionais, pertencentes às associações classificadas entre os lugares 14 a 53);
- a outra arranca na 3ª pré-eliminatória (no final de Julho), terá duas rondas, inclui 15 equipas não-campeãs, de onde saírão mais cinco, para completar o lote de 32 que começa a fase de grupos.

Michel Platini foi o grande impulsionador destas mudanças, que foram apresentadas e acolhidas como uma forma de aumentar a representatividade na Liga dos Campeões. A fase de qualificação para campeões permite que tenhamos a certeza de ter cinco equipas que de facto ganharam os seus campeonatos nacionais, e que provavelmente seriam eliminadas numa fase preliminar, tenham acesso à liga dos milhões. E há muitas outras opiniões nesse sentido, como se pode ver neste artigo do play the game, em que representantes das federações da Finlândia, do Luxemburgo e de Montenegro, aprovam as alterações. Então, quem sai a perder? Os países ricos? Nem por isso.

Houve outra pequena alteração nas regras: as três principais federações passaram a ter não duas, mas três entradas directas na fase de grupos (daí que Chelsea, Sevilha e Milan estejam já descansados à espera do sorteio dos grupos). Mais: a qualificação para os não-campeões tem 15 equipas, e as 5 dos países melhor classificados têm de disputar apenas uma pré-eliminatória, designada ronda de play-off. Ou seja, na prática, aumentou-se as vagas para os pequenos e aumentou-se também as vagas para os grandes (e reduziu-se o trabalho que os menores destes grandes têm para chegar aos milhões). Quem saiu a perder? Os do meio.

Comparação simples:
- Na época passada, a Ucrânia teve dois clubes na fase de grupos: para isso, Shakhtar e Dínamo ultrapassaram três eliminatórias fáceis (17-6, no total). Esta época, para o Shakhtar se juntar ao Dínamo (que já lá está), terá que ganhar duas pré-eliminatórias contra, por exemplo, Sparta Praga e Arsenal;
- O Panathinaikos chegou à fase de grupos na época passada depois de eliminar o Dínamo Tbilisi e o Sparta Praga (6-1 no total). Esta época, poderá à mesma apanhar o Sparta Praga (mas logo à primeira) e se vencer, pode apanhar o Lyon ou o Estugarda.
- O Sporting, que sofre com a descida de ranking de Portugal, já não entra directamente, e terá que ultrapassar o Twente ou o Dínamo Moscovo, antes de defrontar Fiorentina ou Atlético Madrid, para dar alguns exemplos.

Ou seja, é muito provável que vejamos equipas mais pequenas a receber o hino da Champions esta época (de entre Maccabi Haifa, Dínamo Zagreb, FK Ventspils e Maribor Branik, pelo menos uma delas deverá entrar), mas esses lugares serão retirados a países como Portugal, Turquia, Roménia e Holanda. Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha souberam manter as suas posições e até melhorá-las. O mito do aumento de representatividade é uma treta, porque a principal consequência destas alterações é aumentar a distância entre os cinco primeiros e os restantes 48. Basta ver isto: 22 equipas têm entrada directa na fase de grupos, 13 delas são desses cinco países. Nelas incluem-se o Marselha, que não é campeão nacional há 17 anos, e o Sevilha, cujo único título foi conquistado em 1946.

Equipas já qualificadas para a fase de grupos:
Manchester United, Liverpool, Chelsea (Inglaterra)
Barcelona, Real Madrid, Sevilha (Espanha)
Inter, Juventus, Milan (Itália)
Bordéus, Marselha (França)
Wolfsburgo, Bayern Munique (Alemanha)
Rubin Kazan, CSKA Moscovo (Rússia)
Unirea Urziceni (Roménia)
FC Porto (Portugal)
AZ Alkmaar (Holanda)
Rangers (Escócia)
Besiktas (Turquia)
Dínamo Kiev (Ucrânia)
Standard Liège (Bélgica)

Equipas qualificadas para a 4ª pré-eliminatória (ronda de play-off) para não-campeões:
Arsenal (Inglaterra)
Atlético Madrid (Espanha)
Fiorentina (Itália)
Lyon (França)
Estugarda (Alemanha)

Equipas qualificadas para a 3ª pré-eliminatória para não-campeões:
Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Sporting (Portugal)
Panathinaikos (Grécia)
Celtic (Escócia)
Anderlecht (Bélgica)
acima, as cinco equipas cabeça-de-série, que serão sorteadas com uma das outras cinco
Sparta Praga (Rep.Checa)
Twente (Holanda)
Dínamo Moscovo (Rússia)
FC Timisoara (Roménia)
Sivasspor (Turquia)

Das 15 equipas acima, cinco delas entrarão na fase de grupos; as outras cinco sairão da lista abaixo.

Na fase de qualificação para campeões, há três equipas que entram directamente para a 3ª pré-eliminatória:
Olympiakos (Grécia)
Slavia Praga (Rep.Checa)
FC Zurique (Suíça)

Para além dos quatro campeões nacionais que disputam a 1ª pré-eliminatória (de Malta, Andorra, Montenegero e San Marino), 32 equipas entram na 2ª pré-elminatória para campeões, das quais destaco as cabeças-de-série:
FC Copenhaga (Dinamarca)
Levski Sofia (Bulgária)
Partizan Belgrado (Sérvia)
Maccabi Haifa (Israel)
Dínamo Zagreb (Croácia)
Wisla Cracóvia (Polónia)
BATE Borisov (Bielorrússia)
Red Bull Salzburgo (Áustria)
Kalmar (Suécia)
APOEL Nicósia (Chipre)
Stabaek (Noruega)
Slovan Bratislava (Eslováquia)
FK Ventspils (Letónia)
Maribor (Eslovénia)
Hafnarfjördur (Islândia)
Inter Turku (Finlândia)
Ekranas (Lituânia)
Do lado dos não cabeça-de-série, ainda se podem encontrar equipas como o Debrecen (Hungria) ou o Zrinjski (Bósnia-Herzegovina).

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