sábado, 30 de agosto de 2008

Liga dos Campeões, que joguem numa liga milionária e cujo nome não nos faça lembrar um detergente

O Fútbol Arte diz que, «à falta de um grupo da morte autêntico, inaugura-se a categoria do grupo cão», no qual se inclui o do FC Porto (com Arsenal, Fenerbahçe e Dínamo Kiev) e o do Liverpool (com PSV, Atlético Madrid e Marselha), grupos em que qualquer equipa se pode apurar, sem que nenhuma delas assuma o favoritismo.

Curioso mesmo é a referência ao grupo do Barcelona, que inclui Sporting, Basileia e Shakhtar Donetsk: «parece uma eliminatória da Intertoto com ares de quadrangular de Verão».

Mas os sinais do tempo em que vivemos reflectem-se ainda mais nos comentários a esse texto: um anónimo sugere «ampliar a Champions em Espanha, Inglaterra e Itália, porque não vale a pena meter equipas que sejam piores que os 10 primeiros de Espanha»; outro diz que «ou vão os primeiros, ou os bons, mas não o Cluj nem aquele que calhou ao Real Madrid».

O Cluj é o campeão da Roménia, e "aquele" é o BATE Borisov, campeão da Bielorrússia, que eliminou um triste Anderlecht (este sim, com nome) na 2ª pré-eliminatória. É óbvio que a UEFA está atenta a isto, e se este ano se confirmou que nem as pré-eliminatórias são suficientes para esconder equipas como o Anorthosis Famagusta debaixo do tapete, mais cedo ou mais tarde todos os campeões dos países abaixo de um ranking "aceitável" vão directamente para a Taça UEFA, ao mesmo tempo que os 5º e 6º das grandes ligas ocupam os seus lugares na Liga dos Campeões.

O crescimento do futebol cipriota, que deverá aqui merecer um post próprio, fez com que os seus clubes apurados para as primeiras rondas da LC e da TU venham a realizar jogos inéditos: o Anorthosis vai defrontar o Inter, o Werder Bremen e o Panathinaikos; o Apoel Nicósia vai jogar com o Schalke 04 e o Omónia Nicósia com o Manchester City. Ontem, num bloco noticioso da Sky News, os apresentadores riam-se do nome do adversário do Man.City, dizendo que tinha nome de «lixívia»: esqueceram-se rapidamente dos apuros que a equipa sofreu para eliminar o Midtjylland, feito alcançado apenas nos penalties.

A pergunta que aqui interessa fazer é: se chegarmos a esse ponto, que legitimidade terá uma equipa vencedora da Liga dos Campeões, ao consegui-lo derrotando as equipas que venceu no seu próprio campeonato? No fundo, damos todos os dias passos para que os grandes clubes sejam cada vez maiores, para que com orgulho e espanto vejamos os recordes de transferências a serem batidos todos os anos, de modo a que uma "grande" equipa não possa chegar ao final da época sem um troféu ganho. Sugiro que se crie, à boa maneira americana, quatro divisões na Liga dos Campeões (com Alemanha e França a discutir quem é o quarto grande) para que seja encontrado anualmente um campeão de divisão, com estrelinha por cima do símbolo e tudo.

Enquanto isso, vamo-nos reduzindo à nossa pequenez: ontem, em reacção ao sorteio da Taça UEFA, Quique Flores dizia que não tinha ficado satisfeito, porque preferia jogar com uma equipa mais fraca na 1ª eliminatória, e que um Benfica - Nápoles podia perfeitamente ser uma final. Assim não vamos longe.

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